Desculpa, Jorge

Estátua de Jorge Amado
Maurício Maron

10 de agosto é a data de nascimento de Jorge Amado. O escritor é considerado o maior divulgador de Ilhéus e personalidade importante na consolidação da identidade cultural e turística do município. Jorge, além de ser do mundo, é nosso. Que privilégio! Mas em tempos de pandemia (uma desculpa para o momento), não se sabe de nenhuma homenagem - mesmo que virtual - preparada pela Prefeitura de Ilhéus, para lembrar a data.

O que se sabe de concreto é que a Semana Jorge Amado de Arte e Cultura, por anos realizada (bem ou mal) pelo município, virou "coisa do passado". Página virada.

Aliás, vale até uma pergunta: o prefeito e seus assessores diretos sabem que data é hoje e a importância dela para a cidade?

O atual governo municipal não se importa com a cultura da cidade. 

Enquanto isso, nem mesmo um degrau da Casa de Jorge Amado consegue ganhar um asseio, uma limpeza com água e sabão. O mais popular escritor do Brasil merece mais atenção das nossas autoridades.

A atual gestão parece ter mais um olhar para a cidade do shopping center do que a terra de Gabriela e de tantos outros personagens importantes da nossa história literária.

Um dia, Jorge Amado respondeu a um jornalista que lhe perguntava sobre o tema "reconhecimento": "Que prêmio a mais pode querer um escritor cuja obra é lida em mais de 30 idiomas?".

O repórter sorriu e permaneceu calado. Mas a gente precisa responder: Pode querer respeito da sua própria gente, Jorge! Atenção de quem deve preservar uma das grandes riquezas da cidade e de sua gente.

Uma coisa é certa, Jorge. Quem lutou tanto para ser sua mãe de verdade, não pode estar feliz com o total abandono ao filho.

Perdão, é o que podemos, neste momento, te pedir.